Não, você não está perante uma mensagem secreta, em código. Se você assistiu à série ‘3 body problem’ (Netflix - esperando ansiosamente a 2ª temporada), sossegue: esta não é uma mensagem alienígena. São datas. Mas não são datas quaisquer.

São momentos de extrema importância para o mundo e, particularmente, para o Brasil. O ano de 1992 marca a realização da primeira grande conferência das Nações Unidas com foco no meio ambiente.

O evento foi realizado no Rio e ficou conhecido como Rio-92 ou Eco-92. Eu morava no Rio nessa época e me lembro da grande mobilização gerada. As mensagens predominantes ainda eram um tanto quanto naive, do tipo ‘Salvem as baleias’ ou ‘Salve o mico dourado’.

Não que o movimento para salvar uma espécie da extinção não seja importante, mas hoje nós precisamos gritar ‘Salvemos o planeta!’. De qualquer maneira, o evento foi um marco na conscientização e mobilização em torno das armadilhas que a humanidade estava criando para si própria.

Foi um evento importante, que reuniu delegações de 175 países, com relevantes tratados assinados, como as convenções da Biodiversidade, das Mudanças Climáticas e da Desertificação. Pois bem, 1992 foi o início de um importante movimento.

Porém, chegamos agora a 2024 e temos mais preocupações do que conquistas a destacar. Há, sim, uma mobilização importante, mas tudo ainda num ritmo lento, inadequado à urgência, que vem crescendo com o passar dos anos.

Estamos vivendo momentos angustiantes, com as mudanças climáticas mostrando seus efeitos devastadores. Vale a pena agora trazer à luz a terceira data-chave deste artigo: 2030.

Na verdade, deveríamos tê-la precedido com 2015. Foi quando foi realizada a COP 21, momento em que foi firmado o Acordo de Paris, que marcou o compromisso de 195 países em aplicar medidas para evitar um aquecimento global que supere 1,5°C, em relação ao início da era industrial.

É um compromisso que tem como deadlines (um termo em inglês que ganha contornos macabros) 2030 e 2050, a última data do título deste texto. 2030 é a data-limite para uma série de metas, expressas nos 17 ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, assumidos pelos países signatários do Acordo de Paris.

São objetivos que vão muito além das ameaças das mudanças climáticas. Tratam também da fome, da desigualdade e de outros temas que são fundamentais para uma sociedade mais responsável, mais inclusiva e justa.

E 2050 é a data estabelecida para chegarmos à condição de Net Zero Carbon, ou seja: carbono neutro. Isso significa alcançarmos uma condição em que o carbono emitido
pelas operações humanas seja compensado integralmente, chegando a um equilíbrio ideal.

Para que tudo isso aconteça, o mundo está numa corrida. Mas é uma corrida desigual. Para alguns países, essa corrida é de velocidade rápida, para outros, é uma maratona a passos lentos. Alguns parecem nem ter dado a largada...

O fato é que o Brasil é um corredor com chance de alcançar o pódio dessa competição. Poucos países têm a condição do Brasil de bater metas nas questões ambientais.

Temos a maior cobertura vegetal do planeta e uma matriz energética exemplar, chegando a quase 50% de fontes renováveis, enquanto a média internacional não supera 15%.

Mas essa não é uma corrida individual, é um revezamento, e precisamos da participação de toda a sociedade, passando o bastão de mão em mão para aproveitarmos esse diferencial competitivo.

Enquanto que para alguns países as datas expostas no título deste artigo (principalmente as últimas) podem ser angustiantes, para o Brasil podem ser uma oportunidade de ouro.

Mas o relógio não para e a janela de oportunidade não estará aberta para sempre.

É preciso uma conjunção de esforços do governo, das empresas e da sociedade para que consigamos estabelecer outras datas, que marquem uma nova era de sustentabilidade, prosperidade e justiça social no Brasil.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br