Nós somos uma geração privilegiada: vivenciamos uma virada de século, uma virada de milênio e estamos prestes a participar de uma nova era.

No início de março deste ano, a comunidade científica, depois de 15 anos de análise, votou contra uma proposta para declarar uma nova época geológica chamada Antropoceno, que refletiria o impacto profundo da atividade humana no planeta.

A proposta foi rejeitada pelos membros da Subcomissão de Estratigrafia Quaternária, parte da União Internacional de Ciências Geológicas. Continuamos então na era do Holoceno, época geológica que se iniciou 11,5 mil anos atrás, após a era glacial.

Foi um período de aquecimento da Terra, gerando, assim, uma estabilidade ecológica com grande parte das suas fauna e flora ainda presentes nos dias atuais.

Mas já há prenúncios de uma entrada iminente na temida era do Antropoceno.

Antropoceno é a junção do termo grego Anthropus, que significa humano (ou relacionado ao homem) e Kainos, que significa novo. Ou seja, é a interferência definitiva do homem na vida do planeta.

A decisão científica de ainda não caracterizar uma nova era se deve ao perfil do grupo de avaliação, formado basicamente por cientistas ligados à geologia.

Mas, sob uma visão mais ampla da antropologia, não há dúvida de que já estamos numa nova era.

Após o início da revolução industrial, a interferência do homem na Terra se dá numa velocidade espantosa.

Para o bem e para o mal. O homem conseguiu vencer doenças e conquistar condições de vida que fazem cientistas afirmarem que já nasceu o humano que viverá mais de 100 anos com qualidade física e intelectual.

Por outro lado, toda essa interferência gera efeitos colaterais adversos, que fazem acender um sinal amarelo piscante quanto ao futuro da humanidade.
Um estudo da revista Nature, por exemplo, revela que, em 2020, a massa dos objetos construídos pela humanidade superou em peso a massa dos seres vivos pela primeira vez na história.

A velocidade da inovação é estonteante, gerando perplexidade e temor quanto ao futuro.

Na área tecnológica, quando estávamos nos acostumando com a onipresença digital nas nossas vidas, entendendo melhor o fenômeno da big data e tentando nos equilibrar entre o mundo físico e o digital, vem a inteligência artificial e atropela nosso entendimento, gerando mais uma onda de questionamento sobre os prós e contras dessa evolução disruptiva desenfreada.

Mas o maior impacto dessa evolução feérica está mesmo nas questões ambientais. As mudanças climáticas provocadas pelo homem são inegáveis e alcançam um nível de sinal vermelho.

A Terra já superou, por alguns períodos de tempo, o temido aquecimento acima de 1,5°C, em relação ao início da era industrial, definido como limite pelos cientistas para se evitar um ponto de não retorno, ou seja, um ponto em que não conseguiremos mais reverter os efeitos catastróficos do aquecimento global.

Países serão engolidos pelos mares, que terão seu volume aumentado drasticamente pelo degelo dos polos.

Temperaturas extremas tornarão a vida na Terra próxima da inviabilidade.

Para não ficar com essa visão catastrófica, vale ressaltar que a capacidade de inovação do homem pode também adotar medidas de reversão dessa evolução macabra. Ainda há tempo!

E nós temos as ferramentas para isso. Elas estão expressas por três letrinhas mágicas: ESG. Caberá a esta nossa geração adotar uma forma evolutiva que respeite o meio ambiente, tenha responsabilidade social e faça isso tudo num ambiente ético e transparente.

É a única forma de garantirmos condições de sobrevivência de qualidade às futuras gerações. Que venha a era do Antropoceno! Mas que venha pelas mãos de seres humanos mais conscientes e respeitosos.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br